sexta-feira, 29 de maio de 2009

VISÃO DE CARLOS VEIGA NA SEQUENCIA DOS ACONTECIMENTOS DE BISSAU

Guiné-Bissau: que comentário faz sobre a situação actual naquele país irmão?
Lamentável, triste e preocupante para quem goste da Guiné-Bissau e se sinta grato ao seu povo, como nós cabo-verdianos nos devemos sentir pelo contributo que deu para a nossa Independência.

Até que ponto Cabo Verde poderá servir de mediador naquele país, sabendo que o principal problema da Guiné-Bissau é o narcotráfico?

Primeiro, não creio que o narcotráfico seja o principal problema da Guiné-Bissau. A meu ver, o que acontece na Guiné-Bissau tem a ver com sucessivas lideranças do país e com o facto de os combatentes da luta armada de libertação nacional, primeiro, e os militares em geral, depois, não terem sido bem integrados na situação pós-independência e no regime democrático. Segundo, o narcotráfico não existe só na Guiné-Bissau, também existe em Cabo Verde, embora em menor escala. Terceiro, considero que os dirigentes do nosso país têm feito afirmações impróprias sobre a situação e os acontecimentos recentes na Guiné-Bissau. Quarto, a Guiné-Bissau não pediu a mediação de Cabo Verde, nem de ninguém. Assim, não vejo que Cabo Verde esteja particularmente talhado para qualquer mediação na Guiné-Bissau. Claro que Cabo Verde deve preocupar-se com a evolução da situação na Guiné-Bissau, acompanhá-la e estar bem informado sobre ela. E estar pronta para responder a qualquer solicitação da Guiné-Bissau, que esteja ao nosso alcance, porque somos gratos e porque lá vive uma comunidade cabo-verdiana antiga e bem integrada.

A morte de Nino Vieira e de Tagmé Na Waié são atribuídas, por Francisco Fadul, a um conluio entre o PM, Carlos Gomes Júnior, e o agora CEMGFA, Zamora Induta. Que comentários lhe inspira esta afirmação?
É muito grave e desprestigiante para o país, porque imputa assassínios políticos a actuais dirigentes do país. Seja verdade, ou não, deve motivar - como já motivou, aliás, - intervenção do Ministério Público. Exige uma resposta muito célere e esclarecedora da Justiça guineense, para que não fiquem duvidas e suspeitas e para que os efectivos autores materiais e morais dos referidos assassínios sejam encontrados e punidos. De outro modo, pode ser, como seria em qualquer outro país, um rastilho num barril de pólvora.

1 comentário:

Anónimo disse...

Acho interesante esta visão