terça-feira, 27 de dezembro de 2011

ACTUALIDADE DA GUINÉ-BISSAU

Governo, militares e comunidade internacional analisam situação

O Governo da Guiné-Bissau, as Forças Armadas e a comunidade internacional estão reunidos em Bissau para analisarem os conflitos militares de segunda-feira dos quais resultou a detenção do Chefe do Estado-Maior da Armada, Bubo Na Tchuto.

De acordo com uma fonte do Governo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mamadu Saliu Djaló Pires, reúne-se com os embaixadores, chefes de missões e representantes de instituições internacionais acreditados em Bissau para lhes dar explicações sobre a alegada sublevação militar de segunda-feira e anunciar as medidas em curso para a normalização do país.

O objetivo da reunião, segundo a mesma fonte, é pedir aos parceiros para que não coloquem entraves para o desbloqueamento dos apoios prometidos ou em curso no país na sequência dos conflitos de segunda-feira.

Chefe da Armada da Guiné-Bissau está detido

O chefe do Estado-Maior da Armada guineense, Bubo Na Tchuto, é um dos seis militares detidos no quartel de Mansoa, norte da Guiné-Bissau, acusados de envolvimento na alegada sublevação militar de segunda-feira, disse à Agência Lusa uma fonte militar.

De acordo com a fonte do Estado-Maior General das Forças Armadas, Bubo Na Tchuto é apontado como o líder da revolta.

Por ordens do Estado-Maior General das Forças Armadas foi detido na segunda-feira e conduzido para o quartel de Mansoa, 60 quilómetros a norte de Bissau.

Foi no mesmo quartel onde, em Abril de 2010, Bubo Na Tchuto mandou deter o ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas guineenses Zamora Induta, numa acção idêntica conduzida por ele e pelo actual chefe das Forças Armadas, António Indjai

Governo desmente, Revoltosos ripostam

Os acontecimentos graves que se precipitaram durante o dia de segunda-feira, 26 de Dezembro, na Guiné-Bissau, voltaram a colocar o país sob os olhares da comunidade internacional devido à insubordinação do poder militar ao poder civil. Perante a comunicação social, António Indjai procurou, no final da tarde de ontem, desvalorizar os acontecimentos e deixar mais explicações para a Primatura.

Carlos Gomes Júnior que, durante os acontecimentos se refugiou na Embaixada de Angola, ainda não proferiu nenhum discurso à Nação, aguardando que a calma regresse ao país.

No entanto, Aristides Ocante da Silva, ministro da Educação, assegurou que nada mais se tinha passado do que um assalto a um paiol do Exército.

Contudo, e apesar da tentativa do Executivo de passar uma imagem de serenidade, os confrontos, ainda que localizados, continuaram durante a noite de hoje em Bissau.

A falta de explicações para o sucedido enferma o ambiente na capital guineense, que teme a continuação da imposição da vontade militar. As movimentações sigilosas, que continuam a ocorrer, demonstram que algo mais se passou para além de uma mera sublevação militar.

O facto de o Primeiro-ministro ter permanecido em parte incerta nas primeiras horas do dia de ontem, bem como o acolhimento garantido pela Embaixada de Angola, indiciam o contrário.

Um elemento de renome da sociedade civil guineense confidenciou que se encontram ainda a monte diversas figuras civis acusadas de estarem envolvidas nos acontecimentos: «o cenário de tentativa de golpe de Estado poderá ainda envolver políticos de quadrantes ideológicos diferentes que não se revêem nas lideranças das actuais estruturas partidárias».

Bubo Na Tchuto tem sido apontado como o líder da sublevação e, por ordens do Estado-Maior General das Forças Armadas, terá sido detido na tarde de segunda-feira e conduzido para o quartel de Mansoa.

A protecção militar oferecida para a aterragem de uma avioneta em Jugudul, há duas semanas, alegadamente carregada de estupefacientes, terá servido de mote para a renovação da disputa entre as chefias militares, sendo que se desconhece até ao momento o real mandante desta operação, que volta a colocar o país na rota do narcotráfico.

A luta de poderes entre os militares acabou mais uma vez por degenerar num volte-face à estabilidade prometida, sendo que, à semelhança de Junho de 2009, uma tentativa de Golpe de Estado serviu para afastar alguns indesejáveis.

A única diferença é que, desta vez, Executivo e militares procuram desvalorizar a questão aos olhos da comunidade internacional.

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