sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Epidemia de cólera é quase inaceitável, diz a CPLP

O novo secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que efectua uma visita oficial ao Brasil, considerou hoje "quase inaceitável" a epidemia de cólera na Guiné-Bissau, que já provocou 198 mortos desde Maio. "Eu digo quase porque estou a tratar de um Estado soberano, independente. Longe de mim a intenção de imiscuir em questões que são internas. Mas, quando um país como a Guiné tem problemas de cólera, isso tem que ser visto como um problema de nós todos", afirmou à agência Lusa Domingos Simões, que é guineense. Domingos Simões defendeu a mobilização de todos os membros da CPLP para fazer face ao problema.
"Temos que nos mobilizar para identificar o que está mal e o que pode ser feito", referiu, admitindo que o tema será tratado hoje durante o seu encontro com o ministro da Saúde brasileiro, José Gomes Temporão. "Não queremos assumir a competência de substituir os Estados e dizer o que eles têm que fazer. Mas, como sabemos que as autoridades guineenses estão preocupadas, julgamos perfeitamente normal levar o problema aos outros Estados e pedir que nos mobilizemos", explicou. Na avaliação de Domingos Simões, quando em 2008 se continua a falar em epidemia de cólera, paludismo ou taxas de mortalidade extremamente elevadas por causa da desnutrição dentro da CPLP, muitas questões devem ser levantadas. "Uma epidemia de cólera não devia estar a acontecer nos nossos Estados. Isto preocupa-me não só como guineense, mas como cidadão da CPLP.
E é perfeitamente normal questionar se isso é do fórum exclusivamente sanitário, medicinal. Eu penso que não, é também do domínio social", ressaltou. Domingos Simões, que cumpre uma extensa agenda em Brasília, reúne-se hoje também com os ministros brasileiros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e da Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende. O secretário-executivo da CPLP já esteve em São Paulo e Salvador, onde visitou diversas universidades, museus e manteve contactos com autoridades locais, e segue hoje para o Rio de Janeiro, estando o regresso a Lisboa previsto para o próximo dia 25. A CPLP reúne Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

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