quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

ACTUALIDADE DA GUINÉ-BISSAU


Governo e chefia militar classificam de "incidente" confrontos entre polícias e militares

Fonte: Lusa - O governo guineense e a chefia militar minimizaram os confrontos entre polícias e militares, na manhã de segunda-feira em frente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), em Bissau, classificando-os de "um incidente".

Na segunda-feira de manhã um grupo de jovens seguiu Ibraima Jaló, candidato a Presidente da República pelo CNA (Congresso Nacional Africano), à CNE, exigindo votar nas eleições presidenciais de 18 de março, provocando desacatos na rua.

A Polícia de Ordem Pública (POP) foi chamada a intervir, dispersando os manifestantes com gás lacrimogéneo, mas pouco depois chegou um primeiro grupo de militares, que insultou e espancou alguns polícias.

A situação levou a uma longa reunião convocada para a Assembleia Nacional Popular na tarde de segunda-feira, que juntou o chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, António Indjai, o ministro do Interior, Fernando Gomes, o comissário da POP, Antero Correira, e o presidente da CNE, Desejado Lima das Costa.

Após a reunião, António Indjai desvalorizou o caso, classificando-o como "um incidente". O responsável admitiu que a ordem de os militares intervirem partiu do Estado-maior mas negou que tivesse havido espancamentos. A RTP África e a TGB, televisão da Guiné-Bissau, mostraram imagens de militares a bater em polícias.

Fernando Gomes desvalorizou também o caso. "Houve um incidente, é triste de facto, mas é um incidente, mas o importante agora é trabalhar para que esse incidente, grave, não volte a acontecer", disse o ministro.

Os jovens que se manifestaram afirmavam que pertenciam ao movimento "No misti vota" (nós queremos votar), e protestavam por não poderem votar, visto que as eleições presidenciais foram antecipadas devido à morte prematura do Presidente eleito, Malam Bacai Sanhá. A CNE não teve tempo para fazer um novo recenseamento e milhares de jovens não vão poder votar.

Desejado Lima da Costa, presidente da CNE, garantiu que os manifestantes queriam "destruir a CNE". O responsável elogiou a POP e considerou de "grave" a atuação dos militares.


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Guiné-Bissau: Militares desautorizam e agridem polícias em frente à CNE

Bissau - Uma marcha política, fora do conhecimento das autoridades policiais, protagonizada pelo candidato Presidencial Braima Djalo, culminou num incidente em frente ao edifício da Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Enquanto a Polícia de Intervenção Rápida (PIR) continha a fúria dos manifestantes, que queimavam pneus em frente à CNE, um grupo de tropas do Exército interveio, detendo e espancando os policiais que tentavam repor a ordem.

Os manifestantes protestavam pelo facto de não poderem votar nas Presidenciais de 18 de Março, por não estarem recenseados, dado que a CNE não conseguiu actualizar os cadernos eleitorais, devido a um imperativo constitucional.

De acordo com a lei, as Eleições Presidenciais devem ter lugar no prazo de sessenta dias após o impedimento do Presidente da República em exercício, período considerando muito curto para CNE.

A Comissão chegou a avançar duas datas para a realização do escrutínio, Abril ou Junho, para permitir o recenseamento das pessoas que atingiram a idade de votar. No entanto, medida não foi aceite pelos actores políticos.

O incidente, tal como foi considerado pelas autoridades guineenses, está ultrapassado, depois da intervenção da ministra da Presidência do Conselho de Ministros, Maria Adiato Djalo Nandigna, que actualmente detém a chefia do Governo, junto ao Estado-maior General das Forcas Armadas.



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Manifestação na CNE acaba com confrontos entre polícias e militares

Fonte: Lusa - Pelo menos duas centenas de jovens provocaram segunda-feira distúrbios em frente à sede da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau, onde exigiam o direito ao voto, mas a manifestação acabou com confrontos entre polícias e militares, noticia a LUSA.

Os jovens reclamavam a inscrição nos cadernos eleitorais, para poder votar nas eleições presidenciais antecipadas de 18 de Março deste ano. A marcha culminou com queima de pneus em frente da sede da CNE entre gritos de palavras de ordem como "Temos Direito a votar", "Não podemos ficar de fora".

A polícia foi a primeira a intervir, mas depois chegaram militares, que segundo testemunhas no local, agrediram os agentes da polícia que se encontravam no local para a manutenção da ordem. Segundo o tenente Jorge Piter, chefe da divisão de informação da Polícia de Ordem Publica (POP) de Bissau, o que se passou em frente à sede da CNE "é muito lamentável".

"Chegámos aqui, vimos a manifestação dos jovens, tentámos falar com eles mas não nos entendemos, aí disparámos granadas de gás lacrimogéneo, um procedimento normal em circunstâncias destas. Mas de repente fomos invadidos por militares com metralhadoras e tudo. Começaram logo a disparar as suas armas, com balas de fogo", contou Jorge Piter.

Os jovens, enquadrados por alguns líderes de partidos da oposição, estavam a manifestar a sua indignação pelo facto de os seus nomes não constaram nos cadernos eleitorais para as presidenciais de 18 de Março.

A CNE diz que não pode actualizar os cadernos eleitorais por falta de tempo.

"Este procedimento dos militares é estranho e não ajuda em nada a imagem do país. Porque se uma força chega num lugar a primeira coisa que deve fazer é tentar saber junto da força que lá encontrou o que se passa", disse o polícia Jorge Piter.

De acordo com este tenente, vários colegas ficaram feridos. Alguns foram levados mesmo pelos soldados. "Não sei para onde foram levados e nem quantos são", acrescentou Jorge Piter.

"No total éramos pelo menos 15 homens que aqui na CNE, mas apenas eu e o meu colega não fomos atingidos pela acção dos militares porque estávamos no gabinete do presidente da CNE a tentar capturar o líder desta manifestação", contou ainda Jorge Piter.

O alegado líder da manifestação, que a polícia diz não ter sido autorizada, é o presidente do partido Congresso Nacional Africano (CNA), Alfa Djaló, candidato às eleições presidenciais antecipadas de 18 de Março.

Djaló tem dito que mais de 100 mil jovens guineenses ficaram de fora nas eleições. O Gabinete Técnico de Apoio Processo Eleitoral (GTAPE), pela voz do seu director, Alen Sanca, já desmentiu esses números apontando para pelo menos 57 mil jovens os que não vão poder votar.

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Confrontos entre polícias e militares diante da sede da CNE da Guiné-Bissau

Fonte: RFI.fr - Polícias e militares envolveram-se em confrontos quando estavam a tentar dispersar uma manifestação de cerca de 200 jovens que se tinham concentrado junto do edifício da Comissão Nacional de Eleições (CNE) em Bissau para exigir a actualização dos cadernos eleitorais no intuito de votar nas presidenciais de 18 de Março.

De acordo com declarações de Jorge Piter, Chefe da divisão da Polícia de Ordem Pública, os agentes policiais intervieram lançando granadas de gás lacrimogéneo, mas foram invadidos por militares que terão começado logo a disparar as suas armas. Ainda segundo a mesma fonte, vários agentes da Polícia ficaram feridos, alguns tendo sido alegadamente levados pelos próprios soldados para parte incerta.

Em entrevista à RFI, Desejado Lima, Presidente da CNE, dá conta do sucedido e fala em "tentativa de vandalização da sede da CNE" por parte dos manifestantes.

Os jovens alegadamente conduzidos por um dos candidatos às presidenciais, Alfa Djaló, líder do Congresso Nacional Africano, reclamavam a actualização dos cadernos eleitorais para ter a possibilidade de votar no escrutínio do próximo mês. Com efeito, Alfa Djaló afirma que mais de 100 mil jovens guineenses não vão ter a possibilidade de se pronunciar devido à ausência de actualização dos registos. O Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral desmente estes dados, admitindo todavia que 57 mil jovens não vão de facto poder votar.

Ao confirmar estes últimos dados, o Presidente da CNE, Desejado Lima, explica que foi preciso "cortar algumas fases do processo eleitoral" para respeitar o prazo estipulado pelas autoridades. O Presidente da CNE refere contudo que "todas as condições estão reunidas" para o escrutínio decorrer na data prevista e expressa a sua incompreensão face aos motivos da manifestação.

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