segunda-feira, 16 de abril de 2012

ACTUALIDADE DA GUINÉ-BISSAU

Comando Militar e Partidos Politicos criam Conselho Nacional de Transicao

Bissau, (ANG) – O Comando Militar e alguns partidos políticos com e sem assento parlamentar, após três dias de reuniões decidiram domingo, dia 15, a criação de um Conselho Nacional de Transição (CNT), que assume a gestão do país num período não inferior a 16 meses, com 16 votos à favor, 6 contra e uma abstenção.

Em declarações à imprensa após a reunião, o porta-voz dos partidos signatários, Fernando Vaz, disse que, com a criação do CNT, a Assembleia Nacional Popular e o Governo serão extintas e substituídas por uma Carta de Transição, bem como da criação de uma Comissão dos Negócios Estrangeiros e de Estado para a gestão dos assuntos correntes do país.

Questionado sobre quem será o Presidente do Conselho Nacional de Transição e os restantes membros que o compõem, Fernando Vaz explicou que essas figuras serão conhecidas a partir do dia 16 do corrente, depois da nova reunião dos partidos políticos.

Abordado sobre as medidas de sanções anunciadas pela CPLP contra os golpistas, Vaz sublinhou que é uma história, acrescentando que um Ex- Presidente da República eleito, foi morto e a comunidade internacional condenaram na altura e não fizeram nada e hoje entenderam perfeitamente o porquê dessa posição.

“Repudiamos todas as atitudes de violência contra a Guiné-Bissau. Nós acreditamos nos guineenses e estamos aqui à procura de uma solução pacífica de forma a resolver essa situação de golpe de Estado”, disse.

O PAIGC, partido que esteve no poder até ao golpe de Estado do dia 12 de Abril recusou participar na referida reunião.

Entretanto, a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG) e a Confederação Geral dos Sindicatos Independentes (CGSI), duas maiores centrais sindicais do país, reagiram através de um comunicado tendo apelado a todos os trabalhadores para ficarem em casa até ao restabelecimento da ordem constitucional.

As duas centrais sindicais, afirmam que foram surpreendidas com o golpe de Estado com consequências políticas, económicas e laborais imprevisíveis.

Depois de uma marcha pacífica organizada ontem, dia 15, por cerca de uma centena de jovens, para exigir a reposição da legalidade e que os militares dispersaram, tendo registado num ferido grave, as mulheres e os combatentes da liberdade da pátria vão sair hoje novamente à rua para uma manifestação contra o golpe de Estado.

Uma missão diplomática e militar da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), é esperado hoje em Bissau para entabular contactos com os golpistas e exigir a reposição da legalidade democrática.

O Presidente da República Interino, Raimundo Pereira e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior e outros membros do Governo continuam em paradeiro incerto sob a custódia dos militares.

Em primeira reacção, após o golpe de Estado, os cinco candidatos contestatários dos resultados eleitorais, emitiram hoje, um comunicado de imprensa em que lamentaram a agressividade dos governantes para com os militares e das comunicações ofensivas e poucos abonatórios entre as instituições da República.

Os cinco candidatos, reunidos na residência de Kumba Yalá, dizem que registaram com alguma curiosidade no passado, a passividade com que a comunidade internacional, nomeadamente a CPLP, se posicionaram a aquando dos assassinatos de alguns heróis da luta de libertação nacional, como o ex. Presidente Nino Vieira, Tagme Na Wae, Helder Proença e Baciro Dabó e dos seus respectivos guarda-costas.

Consideraram de “invulgar”, a decisão da CPLP, “consubstanciada na máquina de propaganda de alguma imprensa “Had-hoc”ao seu serviço, nomeadamente a RDP e RTP-África” e que só pode levar a conclusão, de que as “ameaças veladas com as instâncias internacionais e outras sanções retidas nas declarações da CPLP e da ONU, só se pretende proteger alguém ao seu serviço”. ANG/AC



Comando Militar


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