Militares em Bissau mantêm políticos presos até haver "segurança"
Porta-voz do Comando Militar diz à Voz da América que se procura um "arranjo constitucional" para sair da crise e formar governo
O porta-voz do Comando Militar da Guiné-Bissau disse à Voz da América (VOA) que Raimundo Pereira e Carlos Gomes Júnior só serão libertados quando houver condições de segurança.
De acordo com o tenente-coronel Dahba Na Walma essas condições não estão reunidas porque o país não tem Governo.
"Desde o momento em que se forme Governo e haja um responsável pelo pelouro da segurança, do Interior, nessa altura entenderemos que estão criadas condições para o (ex-)Primeiro-ministro e o Presidente da República serem postos em residência vigiada em suas até se poder provar que não há ninguém que lhes queira fazer mal", disse o militar em entrevista telefónica a partir de Bissau.
O prazo e termos para a formação desse governo permanecem uma incógnita. Dahba Na Walma disse que o novo executivo resultará de um "arranjo constitucional" a ser discutido com uma delegação técnica da Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO) que vai visitar Bissau em data a marcar.
O porta-voz afirmnou que nas conversações com uma delegação politica da CEDEAO que deixou o pais às 3h00 da manhã de terça-feira, o Comando Militar deixou claro que não pretende manter-se no poder.
Das suas declarações referentes a um "arranjo constitucional" resulta que o país poderá não regressar à ordem constitucional vigente à altura do golpe como é exigido por vários sectores guineenses e numerosas instiuições internacionais
A delegação da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) que ontem se reuniu com os militares guineenses exigiu o "retorno àordem constitucional" na Guiné-Bissau, disse o chefe da delegação.
O presidente da Comissão da CEDEAO, Desire Ouedraogo, falava aos jornalistas na noite passada, após mais de quatro horas de reunião com os militares que protagonizaramum golpe de Estado na Guiné-Bissau, na passada quinta-feira.
O responsável disse que a delegação exigiu também a libertação dos presos,tendo os militares garantido que são apenas dois, o Presidente interino,Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.
Os militares garantiram, disse Ouedraogo, que os dois detidos estão a serbem tratados e já receberam visitas da Cruz Vermelha e de familiares.
"Estamos a trabalhar com os militares no sentido do retorno à ordem constitucional o mais rapidamente possível", disse o presidente daComissão da CEDEAO, acrescentando que se tal acontecer a CEDEAO asseguraa presença de uma força de interposição da Comunidade, para substituira Missang, missão angolana.
Questionado sobre se a delegação se tinha encontrado com Carlos Gomes Júnior,o presidente da Comissão disse que não, mas garantiu que está a trabalharno sentido da sua "rápida libertação".
"Tudo será feito no sentido do retorno à ordem constitucional",frisou Ouedraogo, acrescentando que se houver entendimento com os militares,a CEDEAO está disposta a colocar a força de interposição na Guiné-Bissauem duas semanas, para ajudar a estabilizar o país e a resolver os seusproblemas.
"A CEDEAO já tinha dito e a delegação reafirmou-o de forma clara,há tolerância zero a tomadas de poder de formas inconstitucionais",disse.
A delegação chegou ao fim da tarde de segunda-feira a Bissau e reuniu-sede imediato com os militares. Ainda durante a noite deveria encontrar-se com representantes em Bissau da União Africana, missão da ONU (UNIOGBIS) epossivelmente com os cinco candidatos que contestaram as eleições presidênciasde 18 de março passado.
"Estamos a fazer os contactos necessários", disse Desire Ouedraogo,acrescentando que vai depois reportar ao presidente em exercício da CEDEAO,Alassane Ouattara, Presidente da Costa do Marfim.
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