sexta-feira, 13 de abril de 2012

ACTUALIDADE DA GUINÉ-BISSAU

Quem ordenou o golpe?

Numa cidade em que as mensagens de telemóvel têm sido o principal veículo de informação, as notícias misturam-se com os rumores e várias linhas de análise se cruzam.

Primeiro, a de que o golpe poderá ter sido desencadeado pelo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas António Indjai, crítico da presença, acção e autonomia das forças angolanas em Bissau. Luanda tem no terreno uma missão de assistência à reforma das forças armadas guineenses, a Missang, num processo tido como fundamental para a estabilização política e militar do país. Esta semana, Indjai, que saiu a público a criticar a Missang, terá sido duramente atacado pelas restantes chefias militares. As movimentações da noite de quinta-feira poderiam por isso ser uma resposta de Indjai.

Também se aponta a autoria do golpe a soldados radicalizados da etnia balanta, que tanto podem ter agido por iniciativa própria, como instigados por empresários sul-americanos interessados na desestabilização do país ou instigados pelo segundo candidato mais votado na primeira volta das presidenciais de Março, Kumba Yalá.

Yalá, líder da oposição e membro da numerosa etnia balanta, detonou esta quinta-feira – momentos antes do início do tiroteio, aliás – o processo eleitoral, na véspera do início da campanha para a segunda volta. O candidato contesta os resultados do primeiro turno (49% dos votos para Gomes Júnior, 23% para Yalá segundo a CNE guineense e observadores internacionais) e exigiu a retirada do seu nome e da sua imagem do boletim de voto da segunda volta, marcada para dia 29, pedindo a anulação das eleições. A reivindicação foi subscrita pelos candidatos Serifo Nhamadjo, Henrique Rosa, Afonso Té e Serifo Baldé. A CNE argumenta que os casos residuais de irregularidades detectados não alteram o resultado e não retirariam a vitória ao candidato do PAIGC.

Em todo o caso, o processo eleitoral desencadeado após a morte em Janeiro do chefe de Estado Malam Bacai Sanhá parece agora estar definitivamente comprometido, e a sua conclusão dependente da resolução do mistério em torno do paradeiro de Gomes Júnior.

Guiné-Bissau: Golpistas alegam que Governo pediu às forças angolanas para atacarem os militares guineenses

Bissau - As Forças Armadas da Guiné-Bissau apresentaram esta sexta-feira, 13 de Abril, o Comando Militar através do qual justificaram a intervenção armada de quinta-feira como tendo sido feito em defesa da instituição contra uma alegada agressão externa.

Em comunicado, o auto-intitulado Comando Militar diz que «não ambiciona o poder», mas alega ter «sido forçado a agir para defender as Forças Armadas guineenses de uma suposta agressão que seria conduzida pelas Forças Armadas de Angola no âmbito da União Africana».

O Comando Militar afirma ter em sua posse um «documento secreto» que teria sido elaborado pelo Governo de Bissau dando mandatado as forças angolanas, ao abrigo da União Africana, para atacarem os militares guineenses.

«O Comando Militar está na posse de um documento secreto visando legitimar a intervenção de Angola, através de um mandato do Conselho de Segurança e Paz da União Africana. Esse documento redigido por juristas (cujos nomes os militares dizem não revelar por enquanto) é assinado pelo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e pelo Presidente interino, Raimundo Pereira», diz o comunicado.

«O Comando não ambiciona o poder, mas foi forçado a agir desta forma para se defender das investidas diplomáticas do Governo guineense, que visa aniquilar as Forças Armadas da Guiné-Bissau através de forças estrangeiras», salienta ainda o documento que deve ser lido na Rádio Nacional (única estação do país que foi autorizada a voltar a emitir).

O comunicado do autodenominado Comando Militar lembra ainda o facto de «coincidentemente ser Angola o país que preside neste momento o Conselho de Paz e Segurança da União Africana, para dar ainda mais consistência às alegadas diligências com vista a uma alegada intervenção armada externa no país».

«O Conselho de Paz e de Segurança da União Africana é composto por 15 membros que o presidem rotativamente um mês cada, por coincidência quem preside ao órgão neste preciso momento é a República Angola», enfatiza o documento salientando ainda que um comunicado do Governo de Luanda deixava entender a possibilidade de uma intervenção armada na Guiné-Bissau.

«Esta pretensão do Governo guineense vem expressa no comunicado do Governo de Angola no seu último parágrafo», diz o texto do autodenominado Comando Militar, em alusão ao comunicado do Governo de Angola no qual é justificada as razões da retirada da Missão Técnica de Apoio ao processo de reforma do sector militar guineense (Missang).

Num outro comunicado, o Comando Militar apela ainda à população, sobretudo, as de Bissau, a se abster de actos de vandalismo e de violência que possam colocar em causa a ordem pública.

Ambos comunicados não possuem assinatura de nenhum militar


As Forças Armadas da Guiné-Bissau apresentaram hoje um autointitulado Comando Militar através do qual justificaram a intervenção armada de quinta-feira como tendo sido feito em defesa da instituição contra uma alegada agressão externa

Em comunicado, o autointitulado Comando Militar diz que "não ambiciona o poder", mas alega ter sido forçado a agir para defender as Forças Armadas guineenses de uma suposta agressão que seria conduzida pelas Forças Armadas de Angola no âmbito da União Africana.

O Comando Militar afirma ter na sua posse um "documento secreto" que teria sido elaborado pelo Governo de Bissau dando mandatado as forças angolanas, ao abrigo da União Africana, para atacarem os militares guineenses.

"O Comando Militar está na posse de um documento secreto visando legitimar a intervenção de Angola, através de um mandato do Conselho de Segurança e Paz da União Africana. Esse documento redigido por juristas (cujos nomes os militares dizem não revelar por enquanto) é assinado pelo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e pelo Presidente interino, Raimundo Pereira", diz o comunicado.

"O Comando não ambiciona o poder, mas foi forçado a agir desta forma para se defender das investidas diplomáticas do Governo guineense, que visa aniquilar as Forças Armadas da Guiné-Bissau através de forças estrangeiras", salienta ainda o documento que deve ser lido na Rádio Nacional (única estação do país que foi autorizada a voltar a emitir).

O comunicado do autodenominado Comando Militar lembra ainda o facto de coincidentemente ser Angola o país que preside neste momento o Conselho de Paz e Segurança da União Africana, para dar ainda mais consistência às alegadas diligências com vista a uma alegada intervenção armada externa no país.

"O Conselho de Paz e de Segurança da União Africana é composto por 15 membros que o presidem rotativamente um mês cada, por coincidência quem preside ao órgão neste preciso momento é a República Angola", enfatiza o documento salientando ainda que um comunicado do Governo de Luanda deixava entender a possibilidade de uma intervenção armada na Guiné-Bissau.

"Esta pretensão do Governo guineense vem expressa no comunicado do Governo de Angola no seu último parágrafo", diz o texto do autodenominado Comando Militar, em alusão ao comunicado do Governo de Angola no qual é justificada as razões da retirada da Missão Técnica de Apoio ao processo de reforma do setor militar guineense (Missang).

Num outro comunicado, o Comando Militar apela ainda à população, sobretudo, as de Bissau, a se abster de atos de vandalismo e de violência que possam colocar em causa a ordem publica.

Os dois comunicados não possuem assinatura de nenhum militar.

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