segunda-feira, 3 de outubro de 2011

ACTUALIDADE DA GUINÉ-BISSAU


Guiné-Bissau abre consulado geral e perspectiva embaixada para breve

Cidade da Praia - A Guiné-Bissau abriu hoje (sábado), um consulado geral na Cidade da Praia, onde perspectiva, para breve, abrir também a embaixada, para servir os cerca de oito mil guineenses que residem em Cabo Verde, noticiou à Lusa, citando uma fonte oficial.

Segundo o secretário de Estado das Comunidades da Guiné-Bissau, Fernando Dias, que presidiu à cerimónia, os dois países estão a acelerar os mecanismos para que a dinâmica criada nos últimos dois anos que permita a instalação recíproca de embaixadas em Bissau e na Cidade da Praia, não havendo ainda prazos concretos definidos.

Questionado pela Lusa sobre o processo de legalização dos cerca de oito mil guineenses residentes em Cabo Verde, Fernando Dias, referiu que o período extraordinário definido com esse fim pelo Governo cabo-verdiano vai ser retomado, criadas que estão as condições para o concretizar.

O Consulado Geral da Guiné-Bissau é chefiado por Cândido Barbosa, que desempenhou idênticas funções em Lisboa ao longo de quase duas décadas.

Leonel Sambé, presidente da Associação dos Guineenses em Cabo Verde, regozijando-se com a concretização de uma aspiração que já vem desde 1992, salientou, porém, que o trabalho "ainda agora começou", garantindo que há ainda um "longo caminho a percorrer" para a resolução de alguns dos "graves problemas" que afectam a comunidade guineense no arquipélago.

O presidente da Associação dos Guineenses Residentes em Cabo Verde (AGRCV), disse ainda que este é um sonho há muito acalentado e que hoje foi realizado. "Ficamos muito satisfeitos, mas não conformados porque continuaremos a reivindicar os nossos direitos até que tudo se cumpra".

Entre eles está o da legalização dos guineenses em Cabo Verde, cujos números oficiais apontam para 5500, embora Fernando Dias e Leonel Sambé tenham referido 8000 , "cujo processo esteve algum tempo parado" devido tal como disse o governante guineense, "questões burocráticas".

No entanto, a recente vinda do Primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Júnior, à Cidade da Praia, para a cerimónia de tomada de posse do novo presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, a 9 de Setembro último, permitiu dar um "avanço significativo" a todo o processo num encontro com o homólogo José Maria Neves.

Na cerimónia participou também a ministra das Comunidades de Cabo Verde, Fernanda Fernandes, que considerou a abertura do Consulado Geral um "acto histórico" para os dois países, desejando que a integração dos guineenses no arquipélago, "já em si bastante boa", possa ficar

definitivamente concluída

A cerimónia esteve inicialmente prevista para 24 de Setembro, dia da declaração unilateral da independência da Guiné-Bissau (1973), mas a morte, dois dias antes, e as respectivas cerimónias fúnebres do primeiro presidente de Cabo Verde, Aristides Pereira, obrigaram ao adiamento para hoje (sábado).


Presentes estiveram também o presidente da Câmara da Cidade da Praia, Ulisses Correia e Silva, o embaixador da Guiné-Bissau em Dacar e na Cidade da Praia, Mário Cabral, e a cônsul de Portugal, Raquel Chantre, além de diversas outras individualidades guineenses e cabo-verdianas.

O Chefe do Estado-maior General das Forças Armadas, António Indjai, disse à Comunicação Social que a sua missão não é servir os balantas mas sim os guineenses.

«Eu estou à frente das Forças Armadas para servir os guineenses e não os balantas», referiu António Indjai, na última edição do jornal militar guineense, «O Defensor», 13ª edição, de 28 de Setembro.

A publicação cita várias revelações sobre a situação nos quartéis da Guiné-Bissau, como rumores de destituição do Presidente da República e do Governo através de um golpe militar.

O jornal adianta que esta conjuntura obrigou à deslocação do Chefe do Estado-maior General das Forças Armadas, António Indjai, entre 8 e 12 de Setembro, às unidades militares da capital, com objectivo de esclarecer a mensagem que circula nos quartéis, que alega que o chefe máximo das Forças Armadas teria recebido, das mãos do Primeiro-ministro, dinheiro para o manter no poder.

De acordo com o jornal, António Indjai terá sido ameaçado, a 5 de Setembro, por um indivíduo numa cerimónia fúnebre, que alegadamente se dirigiu para ele interrogando-o: «você é António Indjai? Quando chegou ao poder, nós pensávamos que iria descansar os balantas mas afinal vai virar-lhes as costas. Mas a sua vez chegará».

Sobre estas ameaças, conforme descreveu o jornal, António
Indjai terá respondido dizendo que até podem matá-lo mas não adiantará de nada pois não fará o que pedem.

Foram publicadas ainda muitas revelações sobre os rumores que circulam nos quartéis, acerca de certos elementos das Forças Armadas, que estarão alegadamente a planear destabilizar novamente a Guiné-Bissau, o que culminaria com o afastamento do Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior do poder.

Sobre esta intenção, prossegue o jornal, António Indjai informou os militares, aquando da sua digressão aos quartéis no início de Setembro, que constitucionalmente ele não tem competência para destituir o Presidente da República e o Governo, como pretendem os que desejam chegar ao poder por esta via.

«A destituição das figuras públicas ou de qualquer outro membro do Governo pelos militares é um golpe de Estado» referiu António Indjai.

Neste sentido, o Chefe do Estado-maior General das Forças Armadas reafirmou que, por meio de armas, a conduta das Forças Armadas seria, mais uma vez, posta em causa.

«Os camaradas devem ficar quietos nos quartéis de forma a evitarem perturbações, para que o Estado possa criar condições de atender às preocupações de classe castrense», referiu António Indjai.

Sem citar nomes, António Indjai terá ameaçado transferir os militares envolvidos na tentativa de golpe de Estado para a unidade de Guarda Fronteiriça, advertindo que, qualquer desobediência neste sentido dará origem ao cancelamento do vencimento.

Nestas revelações, pela primeira vez na história da classe castrense, citou-se igualmente o assunto das reformas nas Forças Armadas, fomento
de sentimento tribal, assim como o tão falado golpe de Estado.

Sobre este ultimo aspecto, José Américo Bubo Na Tchuto, chefe do Estado Maior da Armada, declarou que a sua unidade não tem intenções contrárias como tem sido dito. «O passado é passado», referiu.

Neste sentido, ele solicitou a António Indjai que, sempre que tiver alguma informação que lhe diga respeito, o convoque para falarem do assunto


O Presidente da República, Malam Bacai Sanhá, aconselhou o Ministro do Interior sobre a necessidade de pôr ordem e disciplina na via pública.

A chamada de atenção do chefe do Estado guineense foi anunciada pelo próprio responsável máximo do Ministério do Interior, Fernando Gomes, num encontro, esta quinta-feira, 29 de Setembro, com corpo dos efectivos da Policia de Transito em Bissau, no âmbito de um périplo que ele fez nas unidades de polícias na capital.

Neste encontro, o titular da pasta do Interior, determinou que, daqui para a frente, a ordem vai prevalecer nas vias públicas.

«Ontem, o Presidente da República chamou-me a atenção no aeroporto, dizendo que era necessário pôr ordem nas estradas. Eu também aproveito esta oportunidade para vos alertar», referiu Fernando Gomes.

O governante sublinhou que, se esta norma for violada, será necessário tomar medidas contra os infractores.

Sobre os agentes da polícia que se aproveitam de certas situações para extorquir bens aos condutores sem orientações dos seus superiores hierárquicos, Fernando Gomes determinou o fim desta prática.

Dirigindo-se aos condutores que infringem as leis, ordenou a aplicação de medidas severas, de forma a manter ordem e disciplina na via pública.

Sobre a circulação de viaturas sem as chapas de matrículas, Fernando Gomes disse também que passará a ser proibida: «Se viatura do Presidente da Republica é dotada de uma chapa de matrícula, os restantes cidadãos terão que seguir o exemplo.

Nesta conformidade, ele destacou que, nos próximos dias, vai ser determinado o tempo limite através de um despacho, para que as pessoas nesta situação possam legalizar-se, em termos de aquisição de matrículas para suas viaturas.

Quanto à questão de patrulha, este responsável reconheceu a falta de meios de transporte que os agentes do Ministério do Interior têm enfrentado no combate à criminalidade. Contudo, disse acreditar que esta situação venha a ser resolvida.

A nível do seu gabinete, Fernando Gomes avisou que os casos de intriga serão devidamente denunciados por si mesmo, por forma a evitar especulações e informações erradas na instituição.

Neste encontro ele falou sobre a reforma em curso no sector de segurança, bem como a necessidade de dignificação dos agentes da polícia.

Durante a conversa, o novo titular da pasta do Interior revelou que, aquando da visita do Vice-presidente da África do Sul à Guiné-Bissau, tinha observado um agente da polícia sentado quando a comitiva passava em Bissau.

A mesma ocasião serviu ainda para visitar a Brigada da Policia de Intervenção Rápida, onde constatou a situação que esta corporação enfrenta, destacando igualmente o empenho de todos.

Em relação ao alagado envolvimento de alguns elementos desta unidade nas burlas, subornos e actos de detenção arbitrárias sem conhecimento dos superiores hierárquicos, Fernando Gomes determinou o fim desta prática, anunciando castigos para os violadores das normas.

Recentemente nomeado para Ministro do Interior, Fernando Gomes tem pela frente a questão dos excedentários nas reformas da administração pública, falta de fardamento e viaturas, bem como as infra-estruturas degradadas por todas as esquadras e espalhadas a nível nacional.

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